Lauzier – Cinco brasileiras inesquecíveis

Dante Mendonça
Quarto capítulo das aventuras romântica do cartunista Gerard Lauzier no Brasil. Em fevereiro de 1970, a revista Realidade publicou seis páginas de Lauzier, onde o cartunista francês recordava cinco episódios românticos dos oito anos em que viveu no Brasil. Primeiro relatou seu romance com a paranaense Zenaide, que já descobrimos de quem se trata (leia minha coluna de hoje). Depois, atrás do Farol da Barra, viveu uma aventura secreta com a baiana que se chamava Alderiva. Em São Paulo, bateu bola com uma moça, e o Pelé botou sete vezes a bola na rede. No capítulo de hoje, Lauzier saiu para dançar com a carioca Zaira.

A carioca pra mim é uma moça séria, sincera, sentimental! Conheci Zaira na praia da Rua Montenegro. Muito simplesmente ela aceitou sair comigo na mesma noite. Eu levei também o Waldir porque ele tem carro. O Waldir é o próprio play-boy carioca, fanático pelo surf, bonitão… nada na cabeça.
1-
Logo no carro, o Waldir se mostrou tal como ele é: mal educado. Não abriu a boca, fez como se a moça não existisse.
2- No (boate) “bateau” foi a mesma coisa! Felizmente minha força com as mulheres é que eu sou muito espirituoso. A Zaira adorou o meu papo. Ela não dava bola para o coitado do Waldir, que continuava calado. No fundo eu penso que o Waldir é um tímido.
3- Nós dançamos também muito. O Waldir ficou o tempo todo sentado, como um pateta! Finalmente acho que o Waldir é um complexado.
4 – Levamos a Zaira para casa, no Leblon. Ela morava com uma amiga. Eu quis beber um último drink (sem o coitado do Waldir) no apartamento dela mas ela me disse que isto no Rio não se fazia, que não era como na França, se desculpou etc. Eu quis beijá-la mas também recusou explicando que eu ia embora, que se ela me deixasse beijar, depois ela ia sofrer demais.
5 – Fiquei comovido com tanta delicadeza e não quis fazer sofrer uma moça tão pura! Levei muita saudade da Zaira. Para mim, a carioca encarna um ideal, sabe ser livre sem excessos, conserva todas as virtudes das moças de outrora.
6 – Fiquei com o Waldir. Não é que este chato não resolve me largar ali mesmo? Dando por pretexto que ele morava na avenida Niemeyer e estava com vontade de dormir! Mentira dele, eu sei que ele mora no
Leme!
7 –
E lá vou eu procurando um táxi! Era mentira mesmo do Waldir, pois uns instantes mais tarde eu vi ele entrar no edifício da Zaira! O que este chato ia fazer lá? No fundo acho que o
Waldir não gosta de mulheres!

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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