Editora Gênese, 2005.
Minha primeira impressão do Malvados foi: legal, meio perturbador, com falinhas ferinas voando rápidas entre os dois dóis-flor, flores-de-sol. Uns tempos depois uma amiga me falou dele como se fosse alguém que lembrava muito o que eu faço, e aí fiquei estranho, porque essa história de comentarem que o trabalho de alguém (mais jovem) parece o seu tem dois lados – deixa envaidecido, de ser o fodão, que cria escola e acontece. E também o apavoro (vão me ultrapassar, etc.
Malvados tem as vantagens de yter um desenho simples, prático, não atrapalha o verbo (antes, ressalta), que prtecisa comer solto. Mas tem algo mais. Fico pensando numa expressão bem anos 70: “nervo exposto”. Não que seja o caso do André.
Exposto é, por exemplo, só pra explicar, o Cazuza. As letras dele “são” o próprio autor. Ele está ali, auto-personagem. Mas onde está Wally? Onde está o André Dhamer? No meio das situações, insultos sarcasmos, ridículos, viagens, no meio de toda essa expressão difícil e agressiva, onde os personagens mantêm umas caracteristicazinhas básicas, como um par de clowns, mas transmorfam o tempo todo, papéis, geografia, sexo, classe.
Saco, eu jurei que não ia ficar tentando essas merdas. Agora já foi. O André está lá no meio, como está lá atrás desse jogo complicado e desafiador. Não sei se eu sou assim, mas me sinto atraído por gente assim.
Laerte.