Montado no cinismo, Bolsonaro tentou parecer um presidente normal na TV

Em pronunciamento nacional em cadeia de rádio e TV na noite de quarta-feira (2), Jair Bolsonaro apresentou-se como um presidente que fez de tudo para salvar vidas e garantir qualidade de vida durante a pandemia de covid-19. E mostrou um Brasil no qual as crises sanitária e econômica são praticamente coisa do passado.

Boa parte de nós adoraria viver no lugar desenhado por Bolsonaro, mas, infelizmente, para a maioria dos brasileiros, ele só existe na ficção. Tal como é ficção a existência de um presidente competente. Aliás, esse “Brasil das Maravilhas” é um país habitado pela parcela rica e protegida da sociedade – que conseguiu ganhar ainda mais dinheiro na pandemia graças a um líder que governa apenas para os seus , mas se vender como se para todos fosse.

Pressionado pela CPI da Covid, pelos protestos de rua e pelos baixos índices de popularidade (a última pesquisa Datafolha apontou 24% de aprovação e uma derrota para o ex-presidente Lula no segundo turno do ano que vem), Jair fez de conta que não foi o principal vetor da tragédia dos últimos 15 meses.

Mentiu que “o Brasil é o quarto país que mais vacina no planeta” (calcule pela proporção da população e chore) e que “neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados”, o que é improvável. E não disse que a maioria já poderia ter sido imunizada, ainda neste semestre, se ele não tivesse ignorado as ofertas de milhões de doses da Pfizer e da CoronaVac no ano passado. Pior do que isso: se tivesse assinado a papelada, milhares não teriam morrido.

Leonardo Sakamoto

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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