Foi Gustave Eiffel, o mesmo da torre famosa, que a construiu. E ela fica lá servindo de cartão postal, inerte, mal iluminando suas próprias redondezas. O mundo, mesmo, permanece meio que no escuro, no caos dos homens-bombas e dos atentados terroristas em geral. Nem sei por que conto isso. Talvez porque pouca gente consiga transpor a Porta de Jade, penetrando no Jardim das Delícias e conquistando os segredos da vida perene e satisfatória.
Não sabia como continuar o parágrafo anterior e parei. Acho que estava enveredando por caminhos difusos e comprometedores. Ou talvez apenas um pouco íngremes e cheios de musgos. Agora, respiro um pouco e tento engrenar.
Seria o amor espera e busca? Busca e espera? Um delivery sem mapa definido para a área de entrega? Um pedido de carinho que se pode fazer às quatro da manhã invernal, quando o ar treme de frio e solidão, com entrega prazerosa e imediata? Ou você pede a Estátua da Liberdade com batatas fritas e um refri? E dorme em meio a sonhos tumultuados de aviões que não levantam voo porque são feitos de madeira aglomerada que de desfaz em serragem quando tocada?
E a estátua chega de manhã, coberta de glórias passadas, com o fogo do facho apagado e murchos os lauréis que enfeitam a cabeça.
“O amor é a estopa da natureza bordada pela imaginação”. Adicione um pouco de querosene e breu à estopa devidamente dobrada, prenda cuidadosamente na boca do balão, acenda e cante… noite de junho, céu estrelado, balão subindo, clareando a escuridão…
*Rui Werneck de Capistrano é assim mesmo, não adianta