Yair Lapid questionou jornalistas estrangeiros se acham que grupos terroristas que massacram mulheres e crianças têm problema em mentir
Yair Lapid, líder da oposição ao governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, apresentou a jornalistas estrangeiros nesta quinta-feira, 19, o que chamou de “método” de propagação de mentiras por parte do Hamas e criticou a maioria da imprensa por acreditar nelas.
“Vocês acham que uma organização que não tem problemas em massacrar bebês, massacrar mulheres grávidas e massacrar uma menina autista de 13 anos com sua avó de 80 anos tem problema em mentir?”, questionou Lapid, que foi jornalista até 2012, quando fundou seu partido Yesh Atid (em hebraico: “Há futuro”).
Para ele, “é interessante e chocante o quão rápido o mundo seguiu em frente: Israel mal ganhou uma semana de simpatia e perplexidade global, e depois o mundo voltou a nos atacar por nos defendermos”.
“De todas as distorções da cobertura da imprensa nestes últimos dias, a pior é o ‘equilíbrio’. Uma grande parte da mídia está oferencendo a seus leitores e espectadores um quadro ‘equilibrado’, eles estão apresentando ambos os lados igualmente: a história contada por um país democrático que está protegendo a vida e a história contada por uma organização assassina e terrorista que odeia a vida”, comparou Lapid, que, assim como o governo israelense, busca igualar o Hamas ao Estado Islâmico (Isis, na sigla em inglês) e à Al-Qaeda.
“O Hamas mente como método. Eles matam nossos filhos e dizem que a culpa é nossa, matam os filhos deles e dizem que a culpa é nossa. Eles usam pessoas como escudos humanos, disparam contra elas se elas tentam escapar, e acobertam isso com com sua grande quantidade de notícias falsas”, afirmou o opositor.
“Quando vocês sabem que há um lado que está mentindo e outro que está fazendo todos os esforços para verificar os fatos, o mínimo que pode ser exigido é que vocês não dêem uma plataforma ilimitada às mentiras. Desconfiem, tenham cuidado, dêem-nos uma chance justa e um tempo razoável para verificar os fatos”, cobrou Lapid.
O líder da oposição reiterou que “os terroristas sequestraram um número particularmente grande de mulheres jovens” e que “os horrores de 7 de outubro nada têm a ver com o conflito Israel-Palestina”.
“Eles mataram 260 pessoas que foram a um festival musical, porque o Hamas não gosta de música, eles amam apenas morte e derramamento de sangue”, declarou.
Lapid já havia dito, após o massacre de 7 de outubro, que “este é o pior dia para o povo judeu desde o Holocausto”, que a prioridade de Israel é “eliminar todas as capacidades terroristas que o Hamas possui” e que “o resultado final é que não haverá Hamas em Gaza”.
As críticas, dentro e fora de Israel, à cobertura midiática dos ataques terroristas e da reação militar israelense aumentaram depois que os principais veículos internacionais, inclusive brasileiros, apressaram-se em legitimar a versão do Hamas na terça-feira, 17, de que um bombardeio israelense contra um hospital em Gaza deixou 500 mortos. Na quarta, 18, todos os veículos recuaram em suas manchetes.
Uma explosão, na verdade, ocorreu no estacionamento do hospital, incendiando os veículos ali parados, sem destruir os edifícios. Israel apresentou imagens de satélite, além do áudio de uma conversa entre terroristas, para reforçar sua posição de que um foguete errante da Jihad Islâmica, disparado das proximidades, caiu no local. Não há confirmação oficial de número de mortos e feridos. Além da Inteligência dos Estados Unidos, citada pelo presidente Joe Biden, pareceres preliminares de analistas de dados legitimam a posição de Israel e indicam uma impossibilidade de terem havido centenas de vítimas.