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Morreu neste sábado (09), no Rio de Janeiro, o jornalista Luiz Carlos Maciel. Aos 79 anos, ele sofria de uma doença pulmonar crônica.Neste Brasil de memória curta, muitos perguntarão: Quem foi Luiz Carlos Maciel?
Tento responder pr mim.
Luiz Carlos Maciel foi uma referência fundamental na formação de muita gente ali entre as décadas de 1960 e 1970. Os que (como eu) não eram da faixa etária dele, mas ainda puderam acompanhá-lo a partir do início dos anos 1970, devem muitíssimo a Maciel e à sua militância.
Contracultura. Essa palavra-chave, aprendi com ele. E, se há algum traço de contracultura no jornalismo cultural que tantos fazem, podem ter certeza, vem dele.
Sartre, Reich, Marcuse, Beckett, Castaneda, Hesse, Kesey, Ginsberg, Leary – no Brasil, entre os garotos da minha geração, muitos chegaram a esses e a outros pelas suas mãos.
Maconha, feminismo, gays, cabeludos, hippies, desbundados – tudo isso já estava no repertório do Maciel que li no início da minha adolescência, em 1972.
Luiz Carlos Maciel no Pasquim. Graças a ele, lemos o Caetano do exílio.
Rolling Stone. Não essa revista de boutique que temos hoje, mas o jornal, tamanho tabloide, papel de jornal – a sua presença, no Brasil de 1972/1973, não seria possível sem Maciel.
Luiz Carlos Maciel passou pela efervescência da Bahia do final dos anos 1950, esteve na América dos anos 1960, foi preso pela ditadura militar, fez do jornalismo underground do Flor do Mal aos roteiros mainstream da TV Globo. Pensou o Brasil. Atormentou-se com o Brasil. Andou desempregado no Brasil. Morre num Brasil que o entristecia. Grande, imenso Luiz Carlos Maciel!