É a primeira vez que Lula depõe depois de ser preso e também a primeira vez que irá encontrar Hardt, que assumiu os processos da 13ª Vara Federal de Curitiba na semana passada, depois que Moro aceitou o convite de Jair Bolsonaro (PSL) para ser ministro da Justiça. O depoimento está marcado para as 14h.
Aliados esperam que o ex-presidente aproveite o momento para se manifestar sobre a indicação de Moro ao ministério e questione a imparcialidade do juiz, que deve pedir exoneração até o fim do ano.
“De alguma forma, ele vai passar uma mensagem ao país”, afirmou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que viajou a Curitiba para acompanhar o depoimento. Para ele, o processo está “desmoralizado” depois que Moro aceitou o convite de Bolsonaro para o ministério.
Bolsonaro já declarou que Lula irá apodrecer na cadeia e afirmou ser favorável ao fim da progressão de pena –medida que afetaria o ex-presidente, detido desde abril.
Réu na Operação Lava Jato, Lula será interrogado na ação sobre o sítio de Atibaia (SP), que era frequentado pelo petista e sua família e que, segundo o Ministério Público Federal, pertencia de fato ao ex-presidente.
Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro nas obras do sítio, que foram feitas a seu pedido e pagas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht, segundo a denúncia. Os valores teriam sido custeados com dinheiro desviado de contratos na Petrobras.
Lula nega a acusação, diz ser perseguido juridicamente e afirma nunca ter sido proprietário do sítio, que está em nome dos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna.
Militantes que pedem a libertação do ex-presidente devem se concentrar em frente à Polícia Federal, onde Lula está detido depois de ter sido condenado em segunda instância, por corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex do Guarujá.
Depois, o grupo segue à Justiça Federal, onde ele será interrogado. Alguns deputados petistas, assim como o ex-presidenciável Fernando Haddad, que irá visitá-lo pela manhã, também devem viajar a Curitiba.
Mas, ao contrário dos depoimentos anteriores, não está prevista a realização de grandes atos, nem são esperadas numerosas caravanas de outros estados.
“Não é fácil ficar mobilizando a toda hora; a gente vem de um processo de eleição”, disse Lindbergh.
O esquema de segurança em torno da sede da Justiça Federal também foi reduzido: apenas um pequeno trecho na avenida Anita Garibaldi, no entorno do prédio, ficará bloqueado para carros. O bloqueio começará somente após a chegada da escolta da PF e deve durar até o término do interrogatório.
Além de Lula, prestará depoimento nesta quarta o pecuarista José Carlos Bumlai, que também é réu, acusado de pagar parte das obras iniciais no sítio.
O ex-presidente ainda responde a outro processo na Justiça Federal do Paraná, sobre a compra de um terreno que seria destinado ao Instituto Lula –além da ação do tríplex, na qual foi condenado em segunda instância e contra a qual recorreu aos tribunais superiores.