Juscelino trouxe a indústria estrangeira com veículos caducos na matriz; os militares inventaram os pés-de-boi, os carros com bancos de lona, sem forração antirruído e motores de fracos para seduzir o imaginário da classe média; Fernando Collor deu um basta chamando de carroças os carros brasileiros, de uma indústria que não se interessava em modernizar os veículos porque tinha público cativo assegurado pelas restrições à importação, aberta pelo presidente, que usava como veículo oficial um Chrysler americano emprestado pela filial brasileira; Itamar Franco, sempre o caipira desconfiado, ressuscitou o Fusca. Como será chamado o pé-de-boi de Lula? Janjada, tração integral, 4WD, para lembrar a Jangada, modelo do Simca depenado dos anos 1960?
O aumento na produção de veículos irá acabar com o descalabro das estradas precárias e perigosas? O incremento da frota para satisfazer uma classe – que não é a média, atendida pelo crédito bancário, real proprietário das frota – a classe média baixa, vai resolver algum problema que não o eleitoral do PT, um substituto à carne acessível do segundo Lula e às viagens aéreas do primeiro Dilma? Por que não dar força ao transporte coletivo e facilitar seu acesso a todas as classes, como no mundo e ainda que inconcebível no Brasil em que o automóvel é signo de status? Certo, mais carros significa estímulos à indústria, incidentalmente à nacional no fornecimento de autopeças, ainda que pagando royalties às matrizes das montadoras, donas finais do mercado.
O presidente parece que não pensa, como na reprimenda antiga de nossas avós. Ele tem responsabilidade e assessores, aliás, assessores demais, a julgar pela quantidade de ministros e cargos comissionados. Acima de tudo usa paletós, cada dia melhor cortados, vistosos e elegantes com a chegada de Janja (que por isso merece batizar o novo pé-de-boi Lula, substituto do Fusca Itamar). Embora de corte moderninho, ou seja, mais curtos, sobra bom espaço na barra dos paletós para alguém puxá-la para o presidente voltar à superfície quando começa a divagar no espaço. Do jeito que vai Lula ainda imita Álvaro Dias, quando, no primeiro mandato de governador, baixou o sarrafo na prisão provisória do Ahu, que para ele deveria ser definitiva. A língua, diz o povo, é o chicote da bunda.