Lula, um presidiário nas pesquisas para presidente

José Pires – Brasil Limpeza

Essa discussão sobre a posição do ex-presidente Lula na corrida presidencial traz outro assunto, este sim muito importante na campanha que vem chegando, que é sobre a razão do Datafolha colocar em uma pesquisa eleitoral para presidente da República o nome de um condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, que está preso cumprindo pena. Não existe dúvida alguma de que Lula não pode ser candidato. Sendo assim, do ponto de vista jornalístico a Folha de S. Paulo tinha que estar mantendo de outro jeito o nome do chefão do PT em sua pauta, no entanto lá vem o jornal de novo com uma pesquisa que serve apenas para estimular discussões vazias. Desse jeito podem acabar criando o candidato emérito.

É evidente demais o interesse deles em ter Lula como presidenciável forte, usando para isso inclusive reportagens iludindo sobre seu poder pessoal sobre o eleitorado. E agora vem o Datafolha, com a novidade de querer saber se o eleitor daria seu voto a um presidiário. Se fosse na época em que a imprensa era mantida no cabresto, presa pelo preço da importação de papel, seria mais fácil saber a causa do encanto por Lula. Agora fica bem mais difícil, ainda mais nesse caso em que temos alguém sem o poder da caneta. Ou será por conta de dívidas antigas o tamanho deste apreço?

Já faz tempo que existem suspeitas sobre o estranho comportamento da empresa que edita a Folha de S. Paulo e tem o controle do instituto de pesquisas. Agora essa preferência por Lula ficou ainda mais estranha, com a prisão do ex-presidente trombando com a pauta de uma pesquisa fora de contexto. Ou o Datafolha virou almanaque de curiosidades ou tem coisa aí, debaixo desse angu, como se dizia antigamente, quando o PT tinha muita receita para rechear angus.

Lula está fora da disputa e ponto final. Colocar seu nome sujo em pesquisa pode até esquentar roda de chope ou bate-boca nas redes sociais, mas o assunto rola sempre com a suspeita de algum interesse inconfessável no surgimento da estranha aparição. Serventia política séria não tem nenhuma. A seriedade jornalística também ficou em falta. A Folha segue numa batida estranha, com a pauta no Lula lá no Planalto, longe demais da referência atual, que é Lula no xilindró. Parece até uma grave dependência, algo como um comprometimento que nada tem a ver com compromisso jornalístico.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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