Deputados bolsonaristas cobram do líder do PL na Câmara, Altineu Cortes (RJ), uma postura mais firme contra o presidente da casa, Arthur Lira (PP) , que ameaça não cumprir um acordo que daria o comando da Comissão de Constituição e Justiça ao partido este ano.
À bancada, Altineu tem repetido que a indicação da deputada Carol de Toni (PL-SC) para o posto pode sofrer um revés na votação entre os membros da comissão para a escolha do presidente. O discurso é o mesmo usado por Lira, mas não convence os parlamentares mais ligados a Bolsonaro.
O acordo, que Lira agora resiste a cumprir, foi fechado quando ele disputava a reeleição para o cargo, em fevereiro do ano passado. O PT ficaria à frente da CCJ, com Rui Falcão em 2023, e na sequência assumiria o PL.
Mais próximo do governo do que no início do mandato de Lula, Lira pretende usar a presidência da CCJ, a mais importante da Câmara, para alavancar candidaturas de aliados. Uma possibilidade é ceder o posto a Elmar Nascimento (União Brasil-BA), seu preferido na sucessão.
A manobra fez a insatisfação da bancada bolsonarista com Lira. Os deputados esperavam uma reação do presidente da Câmara às investidas do Supremo Tribunal Federal contra parlamentares ligados a Bolsonaro. Lira não disse nada publicamente. A oposição articula uma reação com apoio de parlamentares da base governista.
A falta de firmeza de Altineu com Lira neste momento é o que tem mais irritado os bolsonaristas do PL. Em reuniões da bancada, Altineu só repete o que Lira usa como argumento para não cumprir o acordo.
“Ninguém vai votar diferente do que o Lira quer. O União Brasil, o PP e o PL são partidos que só fazem o que ele quer. Ele tem que garantir, pois foi o fiador do acordo”, disse um deputado sobre o presidente da Câmara. A bronca é que Altineu já foi cooptado por Lira, mesmo contra a vontade da bancada que ele representa.