Mais uma uma viagem fora de hora do governo Bolsonaro

Nesta semana, diplomatas vão acompanhar o vice-presidente Hamilton Mourão em uma viagem de avião pela Amazônia. A ideia foi de Mourão, que sempre aparece com algo do tipo em suas falas, quando reage contra críticas sobre a falta de ação do governo quanto à destruição do meio ambiente. Mourão quer demonstrar na prática que tudo vai bem com a Amazônia. Ele é chegado nesse tipo de desafio e até já fez o mesmo com o ator Leonardo di Caprio, que não lhe deu ouvidos.

A justificativa para esta viagem é uma grande bobagem. Ninguém precisa ir até a Amazônia ou para qualquer outra parte do país para saber se tudo vai bem ou mal com o meio ambiente. Para isso existem estudos técnicos. Pelo empirismo besta de Mourão teríamos de dar uma observada in loco nas geleiras da Antártida antes de emitir qualquer opinião sobre o aquecimento global.

O mais absurdo nesta viagem sem sentido é que vários diplomatas toparam acompanhar Mourão nesta aventura insensata e até perigosa. Existe uma regra de segurança de grandes empresas que proíbe mais de um alto executivo em um mesmo vôo, para evitar que um acidente acabe com a estrutura de comando. Grandes bancos brasileiros já cometeram essa imprevidência e perderam quase toda a diretoria em desastre aéreo. Será que alguém pensou nisso?

O vice-presidente Mourão pretende fazer a viagem pela Amazônia com os diplomatas durante três dias. São representantes de 10 países: África do Sul, Alemanha, Canadá, Colômbia, Espanha, França, Peru, Portugal, Reino Unido, Suécia. Embaixadores da União Europeia e da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) também devem participar da viagem. Devem representar o governo brasileiro na viagem os ministros Tereza Cristina (Agricultura), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Eduardo Pazuello (Saúde), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, tenente-brigadeiro do ar Raul Botelho.

É uma viagem tão fora de hora que nem cabe lembrar que embora este governo seja negacionista a pandemia está à toda no mundo. Ora, se houver um acidente aéreo acaba o governo brasileiro. E imaginem o choque internacional caso aconteça algo parecido com todos esses diplomatas. Bem, espera-se que não embarquem no mesmo vôo, mas certamente não terá um avião ou helicóptero para que um de cada vez dê uma sapeada em cima das matas. Para mim, uma viagem como esta mostra que em matéria de prevenção não é só em relação ao meio ambiente que este governo Bolsonaro é totalmente incapaz.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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