As nefastas consequências de uma ousada estratégia de marketing
O caso é o seguinte: sou contrabaixista de um grupo de samba-jazz carioca que se chama CEJ (Companhia Estadual de Jazz). Esse nome é um trocadilho que só é compreendido no Rio de Janeiro e em poucos outros lugares, porque é uma referência à CEG (Companhia Estadual de Gás), empresa distribuidora de gás na região.
O problema é que essa companhia passou por um processo de rebranding e, a partir deste ano, atende pelo nome de Naturgy. Vejam bem, nós, da CEJ, já tínhamos muita dificuldade de explicar o nome do grupo, principalmente nas nossas turnês internacionais, em São Paulo, Belo Horizonte e Búzios.
A partir de agora, o nome CEJ (Companhia Estadual de Jazz) vai ficar ainda mais misterioso e incompreensível. E o engenhoso jogo de palavras vai se perder para sempre. É lamentável, e a culpa é do rebranding.
Outro processo de rebranding que aconteceu recentemente foi implementado pela equipe de propaganda e marketing do atual governo. Eles conseguiram emplacar novos significados para antigas expressões, como “homem de bem”, que agora é um substantivo masculino, aliás, macho pra caralho, cuja definição é: “Fanático religioso que adora armas de fogo e odeia mulheres, negros e gays”.
Outro termo que passou por um rebranding é o substantivo “comunista”, que agora significa: “Anormal que se preocupa com pessoas injustiçadas e menos favorecidas”. E tem mais: “novo” agora significa “velho”. A culpa é do rebranding.