Maria da Penha ou pistola?

Na semana finda Bolsonaro reuniu a militância feminina do PL, seu partido, em Porto Alegre. Em encontro de convertidos foi recebido, com Michelle, aos gritos de Mito, Mito, Mito. A militância é liderada pela mulher de Ônix Lorenzoni, seu ex-ministro e candidato (já derrotado) a governador do Rio Grande do Sul. Michelle fez seu papel, agora protagonista da campanha, pedindo orações contra o comunismo e a favor de Deus – só na demagogia mentirosa e golpista dos Bolsonaro o comunismo e a falta de Deus levam o Brasil ao risco de desintegração (comunismo só existe no desvario dos golpistas e Deus, além de estar presente, continua fiel à sua determinação de que o ser humano foi por ele dotado do livre arbítrio, e, portanto, é livre para adorar o demônio).

O ponto alto da reunião aconteceu quando Bolsonaro perguntou às militantes o que elas preferiam, “Maria da Penha ou pistola?” A resposta veio unânime, ensurdecedora: “Pistola”. O Insulto aguarda o noticiário sobre se as pistoleiras de Bolsonaro foram desarmadas ou apanharam ao chegar em casa, se chacinaram os maridos ou os denunciaram pela Lei Maria da Penha. O Brasil de Bolsonaro ficou reduzido a isso: falta de compostura, da noção do certo e errado, da anomia e da anulação de valores sob o patrocínio do Estado, de onde deve partir o exemplo. Problema de Bolsonaro? Não, ele sempre foi isso. O problema é de quem o elege – diretamente nos últimos 40 anos, ou indiretamente, alimentando, com desvios próprios quando no poder, o discurso fascista de Bolsonaro.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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