Marxismo cultural jamais

O novo olavo ministro da Educação assume atirando no pé: sua primeira e declarada meta na Educação é acabar com o marxismo cultural. Um ministro da Educação que põe adjetivo no marxismo é na melhor das hipóteses semi-analfabeto, na pior, nazista – digamos nazista cultural, para manter nível do debate. Não é ministro da educação, é da falta de educação, grosseirão talhado a machado, na medida do presidente que o nomeou. O marxismo é cultural, excelência. É interpretação do homem e do mundo. Portanto, cultural na mais pura essência. Aliás, na vida social tudo é cultura, desde o marxismo até o nazismo do genocídio, é a vida na mais ampla e dramática acepção.

Como esses caras mandam, como será o combate ao marxismo cultural? Só me ocorre o estilo nazi-fascista, métodos vindos da Santa Inquisição: tortura de pensadores e religiosos, mortos em fogueiras e, como de fogueiras falamos, da queima de livros. Pensadores e religiosos, insisto, do ventrículo esquerdo, que os do direito são bem vindos – Olavo de Carvalho e as bancadas troglodito-evangélicas. A Inquisição tinha especial gosto em queimar a Torá e punir com a morte os que a publicassem clandestinamente. A Torá é o livro sagrado dos judeus, como o ministro. Se bem que o ministro, discípulo do astrólogo Carvalho, está mais para a Cabala que para a Torá.

No Brasil pode ser diferente. Há motivos: o presidente muda muito de ideia e de ministros. O tempo da tortura parece que já passou. No entanto, tivemos apreensão de livros suspeitos de marxismo e a prisão dos donos dos livros nas duas ditaduras, a de Vargas e a militar. Como tenho o atributo orgânico e fisiológico do medo, recolhi meus livros marxistas: Marx, Lukács, Marcuse, Gramsci, Lefebvre, Hobsbawn, até o insuspeito judeuzinho Isaac Berlin foram despachados para a casa de Celso Renato Loch em Santa Catarina. Celso me deve esse favor desde que escondi seus cadernos de música quando foi preso pelo DOPS em 1969, vítima de denúncia anônima e falsa.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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