Em mensagens sobre as joias recebidas pela Presidência como presente do governo saudita, o tenente-coronel Mauro Cid (foto) admitiu em 5 de março deste ano que os itens eram de “interesse público, mesmo que sejam privados”.
No diálogo, obtido pelo UOL, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro envia ao advogado Fabio Wajngarten imagens com trecho da Lei 8.394 que diz “em caso de venda, a União terá direito de preferência”.
A troca de mensagens aconteceu dois dias depois de o Estadão revelar o caso das joias sauditas. No diálogo, Cid demonstra preocupação com a repercussão da imprensa.
“Parece que hoje deu uma acalmada”, escreveu Cid a Wajngarten. O advogado respondeu “magina” e encaminhou uma reportagem da Folha sobre outro kit que entrou no Brasil sem declaração, em outubro de 2021.
“Caramba!!”, respondeu o tenente-coronel.
Na sequência, Cid respondeu a uma série de perguntas de Wajngarten sobre o segundo kit, mas não mencionou que o relógio tinha sido levado por Bolsonaro no avião presidencial, em dezembro de 2022.
Conforme apurado por O Antagonista, Bolsonaro, Michelle e Wajngarten acordaram se manter em silêncio quando questionados pela Polícia Federal sobre o caso das joias, na quinta-feira. O ex-presidente, que considerava a tática uma confissão de culpa, optou pela estratégia numa tentativa de blindar a ex-primeira-dama.