OBITUÁRIO – O nome de Elifas Vicente Andreato (22 de janeiro de 1946 – 29 de março de 2022) é incontornável em qualquer análise da discografia de Martinho da Vila.
O traço marcante e original do artista gráfico e ilustrador paranaense está exposto na maioria das capas dos álbuns lançados pelo sambista fluminense entre 1972 e 2018 em parceria afinada que se iniciou no LP Batuque na cozinha (1972) e terminou no CD Bandeira da fé (2018), gerando capas marcantes como as dos discos Rosa do povo (1976) e Terreiro, sala e salão (1979).
A discografia de Martinho é somente um (grande) exemplo do inestimável valor da obra de Elifas Andreato. Com linguagem visual geralmente pautada por cores vivas e identificada com a cultura popular do Brasil, essa obra é calcada em retratos emotivos que humanizam o artista em imagens evocativas do sofrido povo brasileiro, de signos políticos e símbolos que muitas vezes aludiram ao curso ininterrupto da vida, como exposto nas capas dos álbuns Martinho da Vida (lançado em 1990 por Martinho da Vila) e A arte de viver (editado por Toquinho em 2020).
Para Elifas, o curso da vida terminou na madrugada desta terça-feira, 29 de março, na cidade de São Paulo (SP). Morto aos 76 anos, em decorrência de complicações de infarto sofrido há alguns dias, Elifas Andreato se vai, mas deixa traço indelével na discografia brasileira em trabalho de arte gráfica que começou no início dos anos 1970, na era dos LPs, e foi até 2021, na era dos álbuns e singles lançados em edições digitais.