Me dá o dinheiro aí

A polícia exige que a deputada Carla Zambelli, bolsonarista de raiz, devolva o dinheiro que arrecadou para pagar multas e indenizações por má conduta, o financiamento popular, ou crowdfunding em gringuês. Nem precisava. Era só utilizar a pistola – com que perseguiu o preto pobre em São Paulo – para assaltar os brancos ricos que votam nela. Carla cometeu desvio de finalidade. Usou a pistola para a finalidade errada.

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O prefeito Rafael Greca anuncia que a tarifa de ônibus não sobe até o final de 2024 – por mera e acidental coincidência o ano das eleições para governador, cadeira ambicionada pelo prefeito. O vice-prefeito Eduardo Pimentel, candidato in pectore da oligarquia no poder, estava presente à comitiva. Greca com a velha cara de pau serial de quem passa o abacaxi para frente e bebe o suco da falta de responsabilidade pela promessa e pela mentira (ele sabe que os prefeitos, tirando Roberto Requião, nunca tiveram voz ativa contra o cartel das concessionárias do transporte). Pimentel, vice prefeito e herdeiro presuntivo da cadeira conjunta de Greca/Minha Margarita, desta vez fazia cara de sério, nada daquele sorriso de príncipe de fadas de quando assume a interinidade de prefeito e a secretaria de Ratinho Júnior, no entra e sai prazeiroso.

Administrador, Pimentel sabe (1) que não poderá cumprir a promessa e (2) se a cumprir perderá o primeiro ano do mandato pagando as contas de mais um pagode de Greca. Nós aqui de fora, com um pingo de noção das coisas, sabemos que a tarifa pode até ser congelada. Sim, congelada no bolso do passageiro, mas não no caixa da concessionária, cujo dinheiro virá de movimentações orçamentárias que tirarão o dinheiro de outras ações da prefeitura, como saúde e educação. O político é aquele mentiroso que finge acreditar que o dinheiro nasce impresso na Casa da Moeda e não é o produto final de toda atividade econômica, inclusive a do Estado. A promessa de Greca é como a de Nero, que primeiro queimou Roma para aumentar seu palácio e fingiu que a culpa era dos cristãos.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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