Na infância de calça curta e joelho ferido meus heróis passariam a ser os mocinhos dos cinemas e dos gibis – Durango Kidd, Roy Rogers, Fantasma Voador, Capitão América. Até perceber que o herói mesmo era meu pai, que saía todo dia ás quatro da manhã para ir à fábrica e voltava para casa às dez da noite, sacrificando o tempo que lhe foi concedido para prover a família.
Na adolescência meus heróis eram americanos, no cinema e no gibi, e eu passei a achar que o pai não fazia mais do que a obrigação em prover a família. Hoje, cumprido o tempo que me foi outorgado, entendo que heróis são os operários anônimos das fábricas e dos campos e não os super-heróis dos quadrinhos e do cinema. Os americanos tiveram que inventar super-heróis. Homens como meu pai permaneceram apenas heróis.