A cerimônia será uma espécie de Drummond às avessas
Festa estranha com gente esquisita. É o resumo da posse do novo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Péssimo sinal dos tempos que um rito, que deveria ser banal na engrenagem da máquina pública, esteja tão badalado quanto camarote na Sapucaí.
Alexandre de Moraes assume a presidência numa cerimônia em que está prevista a presença de 20 governadores, ex-presidentes e os dois candidatos mais bem colocados na disputa pelo Planalto. Todos se detestam. É um Drummond às avessas. Moraes que não gosta de Bolsonaro que não gosta de Lula que não gosta de FHC que não gosta de Dilma que não gosta de Temer que gosta dele mesmo. Em nome da democracia foi convidada para a mesma festa gente que prefere ver o outro pelas costas. Ou pelas grades.
O novo presidente do TSE é um “canalha” para o presidente da República. O presidente da República tem por inimigo de morte um ex-presidente, atual favorito. O tal ex-presidente, atual favorito, tem lá seus motivos para não gostar de alguns ministros do STF. Estarão lá ministros do STF que autorizaram a prisão e depois soltaram o ex-presidente que é favorito. Uma ex-presidente que tem por inimigo de morte um ex-presidente, antes seu vice. O tal ex-presidente, antes vice, que nomeou para o STF o presidente do TSE que agora toma posse e que participou com ele de um conchavo para livrar a cara do presidente golpista pelas ameaças no último 7 de setembro. Só faltará o ex-ministro do presidente que, de forma nada republicana, condenou o ex-presidente, atual favorito.
Juntar tantas estrelas da política é um sinal inequívoco de apoio ao tribunal e ao sistema eleitoral, mas também uma clara demonstração de enfraquecimento da instituição diante dos ataques feitos pelo bolsonarismo. Em nome da democracia, podem até fingir que não se odeiam, e a gente finge que acredita nas instituições.