Mikroestudo de criptodramaturgia sabático (ensaio sobre autoria e influenza )

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Epílogo – 22 de novembro de 2012

“Foi assim que caiu dentro do piano, mas vou contar em detalhes: na amizade que havia feito com o afinador de pianos durante um desses cafés com ovinhos, convenceu-o a emprestar-lhe as ferramentas. Aquelas chaves todas que são o truque de todo técnico, dizia o dono da loja de piano que o verdadeiro truque do afinador era seu “ouvido invertido”, que faria preferir afinar pianos ao invés de tocá-lo. O Afinador de pianos desmentiu o patrão durante o café, disse em tom sindicalista que o seu segredo era fazer todas as contas direitinho, e ter consciencia de classe, da relação entre os harmônicos, porém de cabeça. Em casa tocava Fantasias de Penalva numa rabeca caiçara, gosta sim de música, mas preferia ouvir os pássaros. Mentira, prefere fitas cassete gravadas de hits de rádio dos anos 90, mas o cabeçote ta sujo e ele não tem ferramentas pra limpar. Ele só tem ferramentas pra afinar piano.”

© Glerm Soares

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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