Modos relativos do comportamento humano

1. Um homem mergulha de cabeça num rio sem saber a profundidade. Bate a cabeça no fundo e morre. Cinco anos depois, sua alma, vagando por aí, não mergulha nem em copo d’água.

2. Um menino de onze anos, em férias na fazenda do avô, cai do cavalo e fica com defeito na perna. Dez anos depois ele não é aceito nas corridas Jockey Club. Porém, por seu bom pedigree, vai para a reprodução e se sai muito bem.

3. A mãe força sua filha de dez anos a tocar piano, aprender balé, comer jiló, fazer inglês, freqüentar academia de ginástica, usar aparelho nos dentes, aprender a nadar, ir às aulas de pintura, estudar boas maneiras e tirar dez em todas as matérias. Com dezoito anos, a moça sai de casa e vai se virar como dançarina em casas noturnas.

4. Um homem vai a uma loja comprar um par de sapatos novos. A vendedora, cheia de sorrisos, diz que só tem dois números abaixo do par escolhido. Sempre sorrindo, sugere que o homem experimente. Aquela forma é mais larga e o número 38 serve em quem calça até 43. O homem vai preso três dias depois, sob acusação de esganar o filho que pediu um par de patins no Natal.

5. Um homem compra um carro 0 km e ele apresenta defeito. Leva na concessionária e nada é resolvido. Quatro meses depois, ele compra uma harpa e vai cantar nos shoppings durante as festas de fim de ano.

6. Uma mulher é abandonada pelo marido. Ele não deixa nem bilhete de despedida. Cheia de tristeza, com o coração partido e dívidas enormes, ela resolve se recolher e fabricar bombons de chocolate recheados com morangos. Fica muito rica e aparece na reportagem de capa da revista Unhas&Dentes dizendo que é feliz com seu novo amor: uma bombona de 20 litros de água mineral.

*Rui Werneck de Capistrano, insisto, é autor do famoso romancélere Nem bobo nem nada, com 150 capítulos.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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