Sérgio Moro, entrevistado na Globonews, sobre sua possível saída do governo. Bem feito pra mim. Estava quase dormindo, mas teimoso insistia na leitura do ‘As palavras e as coisas’, de M. Foucault. Chegava na página 200 e não queria entregar os pontos. O livro é chato, irritante, uma viagem de LSD. Mas como dizem que é leitura indispensável, volto a ele duas vezes por semana. De higiene mental abro o Globo e caio na entrevista do ministro Moro.
Não deixei Foucault por ser escuro para ir a Moro à procura de luz. Continuo confuso. Moro não chega aos pés de Foucault, cuja obscuridade é resultado da erudição transbordante e do talento excepcional de extrair conclusões que ao leitor comum parecem incongruentes e arbitrárias . Mas Moro, por favor, aquela cabeça está confusa demais. Começo a pensar que sempre foi confusa. Quanto ele tenta ser habilidoso e inteligente, faz exato o contrário.
“Não entrei no governo para sair” parece revolução metafísica, picada aberta na floresta semiótica. Quem entra num lugar um dia vai sair, é da natureza das coisas. Sai-se até dos braços da mulher amada. Tem que sair – precisa, quer, a natureza manda, assim exige quem põe lá. Admito que a frase representa a quintessência do melhor discurso bolsoignaro. Mas tem sido exclusividade dos ignaros de um neurônio – morons, idiotas, em inglês de Dallagnol. Como o Mito, como Damares. Mas Moro, moron?