Morte Anunciada.

I

o coração dos mortos
ainda bate
e o dos vivos
aperta
os vivos visitam
os mortos
porque morte
é coisa certa

II

morrer já não me assusta
viver não mais me espanta
o que me assombra contudo
é seguir esse viver
por não ter vivido tudo

III

Tarde ensolarada tarde
coberta de cinzas e mármore
a morte quente
a vida fria
vertente de ânsia que arde

IV

já perdi de tudo na vida
já perdi amor
já perdi poder
já perdi dinheiro
já perdi
viagens ilusões passagens
já perdi de tudo na vida
só quero ver se não perco

a próxima partida

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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