Musas

meu-tipo-inesquecível-jessicao-dia-em-que-não-nasci

Jessica Schwarz nasceu em Erbach im Odenwald e cresceu na pequena cidade de Michelstadt , Alemanha. Ela ganhou um concurso da revista adolescente alemã Bravo , em 1993. Posteriormente, ela trabalhou como modelo e VJ para o canal de música VIVA . Em 2000, ela começou sua carreira de ator, mas ainda ocasionalmente organiza eventos, por exemplo, o Prêmio do Cinema Alemão de 2004. Schwarz separada do ator Daniel Brühl, após um relacionamento de cinco anos em 2006. Ela atualmente reside em Berlim. Schwarz é provavelmente mais conhecido fora da Alemanha, por sua parte em Perfume: A História de um Assassino e como Tony Buddenbrook em 2008 a adaptação cinematográfica de Thomas Mann novela ‘s Buddenbrooks.

Uma alemã em um aeroporto na Argentina ouve uma canção de ninar em espanhol. Ela que não conhece uma palavra do idioma se emociona, reconhece a música e começa a cantar. O choro e a emoção são inevitáveis. Esse é o ponto de ataque do filme O Dia Em Que Eu Não Nasci. E nos prende de uma forma tão sublime que ficamos ali, junto com Maria, tentando descobrir o seu passado.

Maria nem deveria estar em Buenos Aires, seu destino era o Chile, mas a perda da conexão e a posterior perda do passaporte a obrigam a ficar na capital argentina. Ela que nunca teve problemas com os pais tem que redescobrir suas verdades. E sem falar uma palavra em espanhol, o que torna sua busca ainda mais angustiante e interessante. E para isso ela vai ter que contar com o próprio pai e com um policial que fala alemão.

A forma como o roteiro de Florian Micoud Cossen e Elena von Saucken vai desnudando a verdade aos poucos para nós é muito hábil. Ficamos presos à Maria, a sua dor, sua necessidade de busca, sua angústia. Não há soluções milagrosas. Maria não aprende a falar espanhol, nem as pessoas aprendem o alemão, poucos sabem algo de inglês, que ela também domina. É tudo muito flúido, delicado.

A direção de Florian Cossen também é acertada. ele constrói as pistas nos detalhes, como a cena do Topo Gigio na vitrine. E a já citada cena da música. O diretor utiliza muito bem o espaço cênico, vide a cena de sexo através das luzes da rua, que dá um tom poético à relação. Assim como também a piscina se torna o refúgio de Maria, onde ela pode tapar o barulho de sua própria mente. Ou ainda, os cachorros que latem no primeiro encontro de Maria com a família argentina.

O Dia Em Que Eu Não Nasci. A fotografia é sempre muito clara, com contrastes estourados, muito sol. Como se sublimasse a busca de Maria que está ainda no escuro, com uma visão enevoada, precisando compreender o que realmente aconteceu no seu passado. Uma parte foi dita por seu pai, mas nem tudo. A própria recusa dele em acompanhá-la até a casa da família já dá indícios.

Dentro da estrutura do roteiro, uma solução interessante é o policial Alejandro. O únicalém do pai e de Maria a falar alemão. Como um guia, ele ajudará a moça a ir desvendando seu passado. Mas o fato de ser um policial e a história ter a ver com desaparecidos políticos nos traz outro elemento interessante para o filme. A ditadura militar e os desaparecidos. Esse tema permeia a trama, apesar de não ser aprofundado em nenhum momento. E não pode deixar de ser notado. A forma como Alejandro diz não querer saber o que o pai fez durante a ditadura, a dor da família, a não explicação do sumiço, enriquecem a obra, sem necessariamente desviar do tema principal.

O Dia Em Que Eu Não Nasci é um belo filme. Com um roteiro envolvente, um apuro específico na parte cênica e boa atuações. Um drama familiar cuidadoso que flerta com um problema humanitário grave, o desaparecimento de pessoas durante as ditaduras militares na América Latina.

O Dia Em Que Eu Não Nasci (Das Lied in mir, 2011 / Alemanha). Direção: Florian Micoud Cossen Roteiro: Florian Micoud Cossen e Elena von Saucken. Com: Jessica Schwarz, Michael Gwisdek e Rafael Ferro. Duração: 94 min.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Sem categoria e marcada com a tag , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.