É claro que depois do Museu Nacional ter sido destruído pelo fogo já está em andamento um lero-lero de autoridades prometendo a reconstrução do prédio e outras medidas que só daria para levar a sério se viessem antes do desastre. O prédio pode ser recuperável, mas por maior que seja sua importância histórica e arquitetônica, o que mais importa é o que estava dentro dele. E isso acabou para sempre. É uma parte imensa do Brasil que se vai, com a perda de um acervo que compunha o conhecimento da própria condição histórica deste país.
Este é o tipo de problema sem conserto. Parece até humor negro imaginar o prédio restaurado com todo cuidado para manter suas características arquitetônicas, equipado com os mais modernos equipamentos de prevenção de incêndio, mas sem quase mais nada para expor e para o uso em estudos e pesquisas. As autoridades fariam melhor se dirigissem suas preocupações para instituições científicas e culturais que ainda não pegaram fogo, porque depois do incêndio de um museu não é possível repor seu acervo, assim como não dá para ter de volta os livros de uma biblioteca incendiada. Por falar nisso, como anda a Biblioteca Nacional?
Só na última década sete instituições científicas e culturais foram atingidas por incêndios. É só questão de tempo para acontecer a mesma coisa com a oitava nesta desastrosa fila, sem falar nas outras que correm o mesmo risco. Que tal cuidar delas? E o Museu Nacional podia ser mantido no Rio do jeito que está, apenas com a fachada em pé — e não estou com ironia. Desse modo, o prédio destruído ficaria como um monumento para lembrar que o destino de um país que não cuida de suas riquezas é ficar cada vez mais pobre.