Na panela o macarrão amolece

“O governo federal vê com preocupação a paralisação que é ilegal da Polícia Militar do Estado. Claro que o policial tem que ser valorizado, claro que o policial não pode ser tratado de maneira nenhuma como um criminoso. O que ele quer é cumprir a lei e não violar a lei, mas de fato essa paralisação é ilegal, é proibida pela Constituição. O STF (Supremo Tribunal Federal) já decidiu isso”.

Do ministro Sérgio Moro sobre o motim dos policiais militares no Ceará. Ele chama de paralisação, cacoete do tempo em que era proibida a greve no serviço público. Mas não é só isso. Moro diz e desdiz: o motim é ilegal, mas o amotinado não pode ser tratado como criminoso. Depois obsequia obviedades: “de fato essa paralisação é ilegal, é proibida pela Constituição. O STF já decidiu isso”. Nem o Conselheiro Acácio, nem o mentor da mediocridade na Teoria do Medalhão (Machado) diriam tanta abobrinha.

A lógica nunca foi o forte de Sérgio Moro. Mas não tem problema, porque quem gosta dele não conhece o mínimo de lógica, nem sabe soletrar a palavra. Agora como político e vizir do Mito, Moro fala para a plateia dos crentes e dementes e para o demente-mor, o pai dos crentes/dementes. O raciocínio de Moro é fascinante, podia valer para a Lava Jato: “a roubalheira foi ilegal, proibida na Constituição, o STF bla bla bla”. Mas os ladrões não poderiam ser tratados como criminosos. E o foram, por Moro.

O ministro não é lógico; é meteorologista. Naõ pensa com rigor, mas sabe com rigor para onde sopra o vento. Na Lava Jato o vento soprava contra Lula e poderia mover a caravela de Moro. Ou da outra caravela, na qual embarcou. Naquela época, quem roubava teria as mãos cortadas; era a sharia de Moro. Na atual fatiota de Mora, o ilegal de policiais que operam como milicianos é complacente, a ser molificado  no excludente da ilicitude. Afinal, os milicianos sempre podem ser herois, trazer votos.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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