O fim de semana foi de recolhimento, por assim dizer, diante das avalanches de turistas que chegaram a Olinda. Como temos mais três dias da semana (segunda a quarta) antes de embarcar de volta ao Rio, vamos aproveitar para exercitar o nosso propósito: o ócio meditativo. Cercados por antigos conventos e mosteiros, ruínas, paredes de edificações seculares, passamos o dia lendo nas redes estrategicamente colocadas à sombra do pavilhão que esta brisa do Brasil beija e balança. (Eu, particularmente, me dediquei aos jornais locais.) Estamos no cenário que Paulo Leminski imaginou para Descartes virar gente no Catatau, a espera de Artichevsky, ou melhor, Artchewski. Mas esta é outra história…
O céu azul e o farfalhar das palmas nos coqueiros (como disse alguém, “palmas pra ele que ele merece”) garantem os efeitos especiais. Estamos no quintal, na parte dos fundos da casa que um dia pertenceu a Aloísio Magalhães, na ladeira da Misericórdia. Uma obra prima de simplicidade e bom gosto.
Agora, uma hora da matina, o som de um grupo afro que vem da Sé, com seus atabaques e berimbaus, se destaca no silêncio da noite. (Algumas vezes fiquei sobressaltado pela semelhança que este céu, com nuvens baixas e ligeiras, guarda com o céu do Caribe, do qual também já curti as nuances…) Turistas e figurantes batem palmas ao ritmo do batuque, como num ponto de candomblé… (Estou me sentindo Grahan Greene observando um país exótico, remoto e, claro, tropical.) Não posso ver, mas posso sentir – e mesmo assim o céu estava azul… Não faz meu estilo pessoal, mas os quintais das casas estão repletos de bougainvílleas e azaléias, flores multicoloridas, de real fascínio aos sentidos. Algumas fotos que fiz mostram isso.
Toninho Vaz, de Olinda (que também fez as fotos) – 27|10|2009|