Mas, nesta segunda-feira, a vida continua como está na seara que mais preocupa Bolsonaro, os inquéritos que correm no Supremo Tribunal Federal. Tudo indica que ele será preso pelos crimes de golpe de estado e tentativa de supressão do estado democrático de direito após um processo que será longo. A rua não muda isso.
Para o mundo da política, Bolsonaro fez algo significativo. Mostrou que, mesmo ameaçado de prisão devido a provas de ter desviado joias da Presidência, usado a Abin para defender a si e aos filhos e tentado dar um golpe de estado que acabaria com a democracia, Bolsonaro ainda tem eleitores suficientes para manter políticos a seu lado.
Em seu discurso, Bolsonaro tentou emplacar a versão de que sua tentativa de golpe era uma brincadeirinha, algo que não ameaçava ninguém. Defendeu a anistia dos golpistas já presos e condenados não porque se preocupe com eles, mas porque se preocupa que provavelmente será um deles. O recado é que, político que quiser voto de bolsonarista e ser candidato a presidente em 2026, terá de prometer anistiar Bolsonaro se eleito for.
Na política, Bolsonaro ainda pode influenciar na escolha de candidatos para 2026 ou na atuação deles, na dinâmica da sucessão no Congresso este ano, gerar movimentos de apoio e até atrapalhar o governo Lula.
Na Justiça, no entanto, sua agitação conta quase nada. Para a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal a multidão na Paulista não muda as provas.
A PF ainda precisa concluir a investigação e pedir à PGR o indiciamento dos envolvidos. A PGR terá de examinar tudo e poderá fazer a denúncia ao Supremo. Por fim, o ministro Alexandre de Moraes poderá aceitar a denúncia e iniciar os trâmites para o julgamento. Não há manifestação na Paulista capaz de mudar as provas e as consequências delas perante a lei.