Corte de impostos para facilitar a produção e venda do carro popular. De onde sairá o dinheiro para subsidiar o carro popular? Dos outros impostos, que serão aumentados. Aquela coisa que os americanos ensinam e a gente não aprende: there is no such thing as free lunch; não existe isso de almoço gratuito. Mesmo os compradores dos carros populares vão pagar mais nos outros impostos por causa dos impostos que não pagarão na compra do carro popular. Isso não arde no forévis dos políticos, que quando a água bate no fundilho dão um jeito de aumentar seus subsídios – à custa dos otários que batem palmas pelo carro popular.
A quem aproveita o carro popular? O último beneficiado será o comprador, que paga o barato do carro e sofre o barato de seu custo. Os primeiros serão as montadores, as fornecedoras de auto peças, os bancos que financiam respectivo mercado, seguradoras incluídas, por último os metalúrgicos, que voltam ao pleno emprego. Perdem os contribuintes, os pedestres, motoristas e passageiros no trânsito caótico e homicida e nas estradas inviáveis ao tráfego. Perdem os contribuintes, os que se beneficiam da redução de impostos e estes mesmos mais os que não adquirem os carros populares.
O governo nada perde, pois o que sai por um lado entra, talvez mais, pelo outro. E ganham os políticos, como sempre, ativamente os demagogos, passivamente todos os outros, naipes iguais no baralho.
Sobre Solda
Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido
não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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Rogério Distéfano - O Insulto Diário. Adicione o
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