Padrelladas

Que gosto tinha a pitanga nas sonhaduras da infância? Que cheiro que tinha a chuva que chovia no jardim? E minha avó catalã me chamando pra jantar, que tinha naquela voz que não consigo lembrar? O sol criava ruídos nas plantações do pomar: uma cigarra gritava como fosse se matar; um passarinho, ora um sapo, ora um cachorro a ladrar eram as vozes antigas de fadas e curupiras trazendo medos ou então toda aquela sinfonia que marcava nossos dias fosse a promessa do hoje quando a criança velhinha pudesse reabraçar a avó que falava estranho e pudesse rotular cada fruta, sapo, flor que medraram no Jardim.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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