Neymar, o craque dos gols contra ele mesmo

O caso da mulher que acusa de estupro o jogador Neymar é todo confuso, agravado nesses tempos em que o jornalismo brasileiro foi demolido, faltando-nos por isso qualquer filtro para haver um entendimento até de acontecimentos mundanos. Junte-se a isso a dificuldade de discernimento de cada um sobre os limites do julgamento de um fato ou da vida das pessoas e tudo acaba neste embaralhamento doido.

No entanto, este fato deixou muito claro a incompetência da administração de uma carreira que envolve muito dinheiro e uma porção de interesses, tendo por isso delicada relação entre o peso financeiro do ídolo e seu comportamento pessoal. É óbvio demais que independente do que na verdade tenha ocorrido entre Neymar e a mulher, não era para ser encarado da parte do jogador com guerrinha de exposição nas redes sociais da intimidade da relação entre os dois. De onde será que saiu a estratégia da divulgação de fotos íntimas da moça? Pelo nível, talvez em reunião bem calibrada em alguma boate.

A divulgação das fotos íntimas piorou uma situação que já era difícil de conduzir. Usando a imagem de um jogo muito mais inteligente, o que Neymar pensava ser um lance de craque foi um xeque-mate em suas próprias peças. No plano da administração de uma carreira, os movimentos até agora foram de um amadorismo de várzea, criando sérias complicações para a maior lucratividade do jogador, que é o uso de sua imagem em propagandas. Cabe apontar que boa parte do mercado a ser explorado é na Europa, onde não se coloca panos quentes nesse tipo de encrenca e o abuso contra as mulheres é um tema que recebe muita atenção. Independente do desfecho deste caso, a marca Neymar teve estreitada tremendamente sua lucratividade.

Já se sabia que Neymar é um sujeito ligado em farras e nas baladas, cercando-se para isso de manos da pesada. Com este caso ficou parecendo que os manos também administram sua carreira.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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