Noite Alta.

Vejam a lua emoldurada pela janela do meu estúdio, no alto da colina, às 3 horas desta madrugada. Uma noite fresca no melhor sentido da palavra: a brisa intermitente transforma tudo em poesia. Ou poesia não é isso? Um conjunto de códigos que nos assola em várias frentes e sentidos, inclusive o olfato; a noite cheirava a jasmim. Mais à esquerda, em baixo, no Catumbi, uma rápida troca de tiros entre traficantes… Dei um gole no café e coloquei o I pod no ouvido:

(…)
No apartamento
Oitavo andar
Abro a vidraça e grito
quando o carro passa:
teu infinito sou eu
Sou eu
No Corcovado quem abre os braços sou eu…
(…)

Tenho encontrado dificuldades para me manter sereno no meio desta balburdia social. Sinceramente. Estou chegando à conclusão – aquela, histórica – de que o meu tempo já passou. Flagrei-me sentindo saudades do Ademar de Barros. Mas, na verdade, estou apenas saudoso da época do Ademar de Barros. É isso. O esforço para se levar o dia-a-dia entre os escombros de um país corrupto e esfarrapado. Nem tanto Diogo Mainardi, nem tanto Álvaro Valle (in memorian). Amém.

Toninho Vaz, de Santa Teresa

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Sem categoria. Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

3 respostas a Noite Alta.

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.