Nós aos olhos dos outros

A crueldade, o crime, a mentira, o hábito doentio de corromper. É o que temos para o momento

O Brasil ignorado lá fora? Nem pensar. Com Deus acima de todos e Bolsonaro acima de tudo, o mundo não tira o olho de nós. Se duvida, eis algumas manchetes recentes:

Brasil fez a pior gestão do mundo na pandemia, diz OMS“. “Com Bolsonaro, Brasil mantém recorde em índice de corrupção na Transparência Internacional”. “Biden convoca cúpula do clima em abril e coloca em xeque posição do Brasil”. “Corte Interamericana de Direitos Humanos vai julgar o Brasil por omissão na proteção de mulheres e embriões”. “Com um assassinato a cada oito dias, Brasil ocupa segundo lugar em ranking da ONU sobre morte de ativistas”.

“EUA [leia-se ainda sob Trump] barram tentativa do Brasil de avanço na OMC”. “Bolsonaro expõe o Brasil ao ridículo ao ameaçar EUA com pólvora”. “Biden ri ao ser perguntado sobre conversar com Bolsonaro”. “China felicita Biden e reduz grupo de países fiéis a Trump; Brasil é um deles”. “OCDE freia entrada do Brasil em grupo ambiental por política de Bolsonaro para a área”.

“Brasil está no topo do ranking de fraudes com dados de cartões”. “Brasil quer doar 1 milhão de testes de Covid quase vencidos ao Haiti. Hospitais brasileiros se recusam a receber testes prestes a vencer”. “Brasil deve R$ 10,1 bi a organismos mundiais. Itamaraty alerta para risco de sanções por atrasos”.

Uma vergonha? Nem tanto. Afinal, as manchetes sobre nossos assuntos domésticos são: “‘Finalzinho’ de pandemia tem alta de casos em 21 estados. Declaração de Bolsonaro ignora UTIs lotadas em sete capitais”. “Governo foi avisado com duas semanas de antecedência sobre possível tragédia em Manaus”. “Bolsonaro usou cinco ministérios, militares e estatal para difundir cloroquina”. “Presidente manda imprensa enfiar latas de leite condensado no rabo”. Etc. Você escolhe: a estupidez, a mentira, o hábito doentio de corromper, a crueldade, o crime. É o que temos para o momento.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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