Diante de um inimigo, é preciso fazer prevalecer o espírito de adversário. E aí os contrários devem se unir pela derrota de quem ameaça o jogo.
A briga não é fácil. Antes de mais nada, preservar um jogo é preciso agir estritamente dentro de suas regras – aquelas que o inimigo corrói em cada lance sujo.
Adversários, por sua vez, não esquecem suas diferenças da noite para o dia: são elas que os ajudam a se definir para si mesmos e em relação ao mundo.
William Hazlitt, o grande ensaísta inglês, lembra o “princípio da hostilidade” que rege as relações. Não é estranho ao humano reagir às “antipatias” do mundo, escreve ele em “Sobre o prazer de odiar”. “A vida se tornaria uma poça estagnada”, observa Hazlitt, “não fosse estremecida pelos interesses gritantes e paixões desregradas dos homens”.
Há mais de 20 anos, desaconselhei Armando Freitas Filho a responder, por escrito, a um eterno adversário numa dessas infinitas rinhas de poetas. Ainda não havia redes sociais (menines, eu vi) e o ataque daria um trabalhão. Mas Armando me ensinou a vantagem de se manter sempre atento ao adversário: “Emagrece”.