A CONVITE de Bolsonaro, Michel Temer coordena a ajuda humanitária a Beirute. Suas credenciais: é filho de libaneses e tem rua com seu nome na cidade natal da família, no Líbano. Duas vezes vice de Dilma Rousseff e seu sucessor pelo apoio ao impeachment, Temer poderá ajudar o presidente Michel Aoun, que enfrenta protestos e risco de ser derrubado. Temer quase foi derrubado. Das cinzas de Beirute renasce a fênix brasileira.
Disso Temer entende, é sobrevivente de explosões políticas. Quanto à ajuda humanitária, a presença de Temer sugere cautela e visão crítica: a história do Brasil mostra que Temer, enquanto político, considerava humanos os membros da família, os amigos de São Paulo, os que lhe deram o cargo de Dilma e os aliados com quem controlava o porto de Santos. De uma penada Bolsonaro compra o apoio de Temer à reeleição.
A hecatombe de Beirute ajuda Bolsonaro no atrair os votos dos libaneses brasileiros. Porque acreditar nos bons propósitos de Bolsonaro é pôr venda para não enxergar sua indiferença criminosa e a incompetência patética de seu governo no combate à pandemia – na qual o presidente do Brasil ocupou-se mais em atacar governadores que coordenar com eles a ajuda aos brasileiros: 100 mil mortos contra 5 mil em Beirute.