Nossa fênix renasce em Beirute

A CONVITE de Bolsonaro, Michel Temer coordena a ajuda humanitária a Beirute. Suas credenciais: é filho de libaneses e tem rua com seu nome na cidade natal da família, no Líbano. Duas vezes vice de Dilma Rousseff e seu sucessor pelo apoio ao impeachment, Temer poderá ajudar o presidente Michel Aoun, que enfrenta protestos e risco de ser derrubado. Temer quase foi derrubado. Das cinzas de Beirute renasce a fênix brasileira.

Disso Temer entende, é sobrevivente de explosões políticas. Quanto à ajuda humanitária, a presença de Temer sugere cautela e visão crítica: a história do Brasil mostra que Temer, enquanto político, considerava humanos os membros da família, os amigos de São Paulo, os que lhe deram o cargo de Dilma e os aliados com quem controlava o porto de Santos. De uma penada Bolsonaro compra o apoio de Temer à reeleição.

A hecatombe de Beirute ajuda Bolsonaro no atrair os votos dos libaneses brasileiros. Porque acreditar nos bons propósitos de Bolsonaro é pôr venda para não enxergar sua indiferença criminosa e a incompetência patética de seu governo no combate à pandemia – na qual o presidente do Brasil ocupou-se mais em atacar governadores que coordenar com eles a ajuda aos brasileiros: 100 mil mortos contra 5 mil em Beirute.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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