Nosso litoral é um colosso!

Foto sem crédito

No meio da manhã de ontem, encontrei um velho conhecido na Praça Espanha: o Colosso. Já o apresentei aqui na coluna, era motorista do jornalista Valério Fabris aqui em Curitiba, nos bons tempos da Gazeta Mercantil. Um senhor muito simpático, expedito, arguto, vivaz e de fino faro, com uma característica notável. Ele adjetiva os fatos com apenas um substantivo: “Colosso!”. Daí o apelido.

Colosso estava sentado num banco, admirando a Praça Espanha. Aproveitei o aperto de mão para me abancar também.

— Esta Praça Espanha é uma ilha de paz cercada de restaurantes por todos os lados. Um colosso!

— Depois que mutilaram a Pracinha do Batel, diria que a Praça Espanha tornou-se a praça mais sofisticada da cidade. Talvez o termo sofisticado seja um pouco exagerado, digamos que a praça é…

— Um colosso!

— Por falar nisso, o que o senhor achou da reforma da Pracinha do Batel?

— A polêmica foi interessante, até no sentido educativo. Muita gente em Curitiba nem mesmo sabia da existência daquela pracinha. Mas como motorista, que cruzo a cidade todo dia, tenho por mim que a reforma da praça ficou um colosso! Uma via rápida no meio da praça, agora vou do Batel ao Bigorrilho em dois toques. É um colosso!

— O senhor não vai viajar no feriadão?

— Não. Aquele acidente duplo em Santa Catarina me deixou traumatizado. Foi um colosso!

— Por isso o pedágio das estradas federais veio em boa hora. Ou não? Com toda sua experiência nas estradas, qual a sua opinião sobre o pedágio?

— Um colosso! Só tem um porém: se botarem a praça de pedágio antes de Garuva, fica provado que tudo não passa de uma urdição política e econômica para aniquilar de vez Guaratuba, Caiobá e Matinhos. O nosso litoral vai ficar sitiado pelo pedágio. E com a tarifa assim barata, fica mais em conta passar um feriadão, por exemplo, em Balneário Camboriú. Vai ver o estado das nossas praias! Tudo às moscas, um colosso!

— O senhor acha então que existe uma conspiração para rebaixar Guaratuba, Caiobá e Matinhos para a segunda divisão?

— A sede do poder econômico é um colosso! Basta analisar as páginas de classificados dos jornais. Com um apartamento de cobertura em Caiobá, você não compra um quiosque para vender coco e milho verde no litoral de Santa Catarina. Um colosso, com os dólares de uma mansão no Jurerê Internacional dá para acabar com os mosquitos de Matinhos. O saneamento básico das nossas praias é um colosso!

— Seria uma conspiração econômica visando à desvalorização imobiliária de Caiobá, com o conseqüente êxodo dos endinheirados paranaenses para Santa Catarina?

— Esse colosso não é de hoje. Na sua maioria, os edifícios de Balneário Camboriú foram erguidos com o dinheiro do nosso café. As mais caras pousadas de Porto Belo são administradas de Curitiba e metade dos investidores nas areias de Florianópolis têm sotaque leitE quentE! Um colosso, só falta transferir o Iate Clube de Guaratuba para Governador Celso Ramos, onde o Guga tem uma mansão que é um colosso!

— Qual o programa para o feriadão?

— Os meus filhos viajaram, foram para as baladas da boate Warung Beach Club, que reabre nesta sexta. E sabe onde fica esse colosso, de proprietários curitibanos? Não fica em Caiobá, fica na Praia Brava de Itajaí. Quanto a mim, vamos dar uma surra nos catarinas! Hoje vou ver o Coritiba massacrar o Criciúma, porque esse meu Coxa é um colosso!

Dante Mendonça [12/10/2007]O Estado do Paraná

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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