Nunca se choveu tanto em tanto tempo.
O prefeito Marcelo Crivella usa o ‘se’, alheio, impessoal e indiferente, para as consequências trágicas da chuva no Rio de Janeiro. A chuva vem por sua conta e risco dos outros. Não tem isso de ‘se chover’, ou ‘choveu-se’, para falar bonito. Chove, ponto final. O “nunca se choveu” é o traço patife e canalha do político que ser se safar (aqui cabe o ‘se’) da responsabilidade.
Para prefeito que está no cargo por tempo suficiente para antecipar solução ou atenuação para problemas recorrentes na sua cidade, só há uma solução: “cassar-se”. Com ‘se’. Em outros tempos e com merecimentos menores, o verbo adequado seria ‘guilhotinar’. Ou melhor, ‘guilhotinar-se’. Como a chuva é ato de Deus, para o bispo Crivella a culpa é de Jeová.