…não é do meu hábito apresentar soluções comunitárias, mesmo porque eu, hoje, estou mais preocupado em salvar meu próprio nariz do naufrágio. O meu livro “Catatau”, que vai ser publicado em dezembro, dez anos após tê-lo iniciado, é inclusive uma solução toda minha, pessoal, pras minhas próprias decepções e angústias quanto à cultura letrada. Os outros que encontrem seus paradigmas e modelos e construam suas próprias balsas para não morrerem afogado.
Gosto muito em Curitiba, entretanto, em vista de sua radicalidade natural, dos cartunistas Rettamozo, Mirandinha e Solda. Eles não têm nada a ver com minhas propostas e buscas – pois não há ninguém em Curitiba, quanto a isso, que me fascine – mas me parecem, em sua área de interesse, muito bem atualizados com as novidades e informações do setor. Os cartunistas trabalham com mais de um código. E isso pra mim é fundamental, na criação artística. Além do mais, nossos cartunistas me parecem bem mais atualizados que os nossos escritores nos avanços de sua especialidade.
(Paulo Leminski, 1977)