O Bar do Cardoso

Fossa Eclética

Ando muito aborrecido com o ser humano
(eu incluso)
Agora ando falando com os pássaros
de preferência com os pintassilgos,
que me visitam todos os dias.
Acho que eles são felizes,
Nunca os vi se lamentando.
Eles cantam para mim sinceramente
e eu planto flores para eles gostosamente.
As flores encantam-me os olhos,
aos pintassilgos, o bucho.
Ontem um homem matou outro para roubar,
outro demitiu outro que passa fome,
houve uma porrada de adultérios.
Ontem os pintassilgos cantaram mais forte
e mais vezes e mais lindo.
Há vizinhos passando fome
e eu só posso plantar flores
para os pintassilgos me visitarem.
Hoje, eles cantaram para os coleirinhos
os coleirinhos para os canarinhos e
os canarinhos para os pardais.
O Curió cantou só
O Sabiá estava lá
a rolinha veio a tardinha
o beija flor beijou a flor
o joão de barro foi um sarro
também vi um bem-te-vi
Hoje não ouvi nenhum ser humano cantar
(eu incluso)


(Cardoso, o Bardo)

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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