A semana começa com mais complicações para o ex-presidente Lula. O marqueteiro João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, abrem os serviços sobre o sítio de Atibaia, com seu depoimento ao juiz federal Sérgio Moro. Os dois assinaram acordos de delação e são testemunhas de acusação. É providencial simbolicamente a presença de Santana nesta abertura. Ele foi o substituto de Duda Mendonça, quando o marqueteiro da primeira vitória de Lula caiu em desgraça com o mensalão.
A ilustração ideal para mais este processo contra Lula por corrupção é a imagem do barco com os nomes dele e da ex-primeira dama, a falecida Marisa Letícia. Não deixa de ser uma forma de aparelhar até o romantismo. Para reforçar o simbolismo, pode-se também cantarolar uma música. Na minha cabeça vem aquela do “e o barquinho vai, a tardinha cai”. Mas dá pra pensar também em alguma coisa de Bruno e Marrone, musos de Lula, de cantorias em particular em Brasília quando ele estava no poder. É questão de gosto.
Os remanescentes do petismo, ridículos gatos pingados que não falam coisa com coisa, vão dizer que foi “gópi”, que não existem provas, mas tem que entender o lado deles: é tudo gente que costuma ir para o sítio de amigos e pegar o melhor quarto para eles, espalhar seus objetos pessoais pela casa de veraneio, mandar uma empreiteira fazer melhorias de graça, inclusive caríssima cozinha planejada, além de colocarem no lago barco com o seus nomes e pedalinhos com os nomes dos netos.
Este é o mesmo pessoal que costuma visitar apartamentos para venda e mandam a empreiteira fazer cozinha planejada, elevador privativo e outras benfeitorias, para depois não fechar negócio. Bem, como o mercado imobiliário não funciona desse modo para qualquer um, fica muito estranho que os petistas, sempre tão rigorosos com os outros, estejam tão enraivecidos com as suspeitas da maioria dos brasileiros por este tratamento privilegiado de empreiteiras com um ex-presidente da República.
Nos próximos dias esses gatos pingados vão tentar forçar debates. E até isso os petistas estão com dificuldade de conseguir, pois ninguém tem mais paciência com tanto argumento vazio. Com certeza, do mesmo jeito que falavam do triplex do Guarujá, vão dizer que não existem provas de que o sítio de Atibaia é do Lula. Isto é diversionismo tolinho. O chefão petista não é acusado de ser o proprietário oculto. Na denúncia, Lula é acusado de ser usufrutuário das reformas do sítio. As benfeitorias na propriedade, segundo o MPF, eram uma forma de repassar ao ex-presidente “valores oriundos do esquema criminoso”. Como se diz na esgrima, touché.
E o MPF juntou muitas provas para apontar Lula como “usufrutuário”. Mostram o intenso interesse de Lula pelo sítio (entre 2011 e 2016, veículos de utilização do ex-presidente foram 270 vezes ao local), inclusive na preocupação com uma “pirua” que esmagou três filhotes de pavão. O aviso foi mandado pelo caseiro por e-mail ao Instituto Lula. Vale ler a denúncia do MPF. É textão, como se diz hoje em dia sobre qualquer coisa com mais de três frases, mas a vida não é feita só de KKKKK. Um trecho interessante da denúncia é sobre os itens de uso pessoal de Lula e Marisa. O casal ocupava a suíte principal e tinha o hábito de colocar suas iniciais nos objetos. Foi nesta suíte que a Polícia Federal encontrou também o documento sobre o imóvel adquirido pela Odebrecht para a construção do Instituto Lula. E estava lá também, em Atibaia, o romântico barquinho com o nome de Lula.
José Pires – Brasil Limpeza