Bolsonaristas estão atacando com ferocidade o ministro Celso de Mello, do STF, em uma ação concentrada, que vai de Olavo de Carvalho ao deputado Marcos Feliciano, claro que com a participação de seguidores e ainda mais ativa com os milhares de robôs. A máquina bolsonarista é turbinada artificialmente para parecer espontânea. O ministro mandou para a análise da Procuradoria-geral da República três notícias-crimes contra Jair Bolsonaro apresentadas por PV, PDT e PSB. Os partidos pedem o depoimento do presidente, a busca e apreensão dos celulares dele e de seu filho Carlos Bolsonaro, para passarem por uma perícia.
O bolsonarismo têm bons motivos para odiar o decano do STF. Relator do inquérito que apura se Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal, ele tem dado à investigação uma velocidade desconcertante para os governistas. Provavelmente podem surgir provas que sirvam a outro inquérito que perturba o sono de bolsonaristas, este a cargo do ministro Alexandre de Moraes, que vem trabalhando no chamado “inquérito das fake news”.
De qualquer modo, os inquéritos se cruzam, já que pelo que até agora se sabe dos casos que levaram a abertura de cada inquérito, os métodos empregados indicam que existe um comando central das patifarias que incomodaram os juízes do supremo, que não estão preocupados apenas com fake news espalhadas pelas redes sociais por robôs e idiotas úteis que servem a um projeto de poder de uma malignidade rara em nossa história política.
Esta direita desequilibrada ultrapassou limites, com uma afobação que não permitiu que eles notassem que ainda não haviam adquirido força suficiente para avançar na ousadia criminosa que alertou o STF do perigo para a democracia. Um exemplo prático sobre a dimensão desse risco está na pressão que vem enfrentando o empresário Paulo Marinho, que foi um dos principais apoiadores da campanha presidencial de Jair Bolsonaro. Na semana passada ele denunciou o vazamento da Operação Furna da Onça, da Política Federal, para Flávio Bolsonaro, filho do presidente.
Marinho sofreu ameaças de morte e teve que pedir proteção policial, além de ter tido indícios de que contas bancárias suas no Bradesco e no Banco do Brasil foram acessadas ilegalmente. Segundo a revista digital Crusoé, o empresário sofre também uma devassa em seus negócios, inclusive com a busca de informações “sobre as circunstâncias em que um apartamento de luxo na Fisher Island, em Miami, foi transferido para uma empresa ligada à mulher dele”. Segundo a revista, ex-amigos do empresário ajudaram a reunir as informações.
As linhas de investigação fatalmente devem se juntar nos inquéritos do STF, em outras investigações que podem surgir mais a frente ou mesmo com descobertas feitas pela imprensa, como aconteceu com as revelações de Paulo Marinho, que surgiram em matéria da Folha de S. Paulo, com a denúncia de que um mês antes da eleição de primeiro turno Flávio Bolsonaro foi avisado por delegado da PF sobre investigação na qual ele seria alvo e que atingiriam a campanha presidencial de Jair Bolsonaro.
Ministros do supremo já tiveram parentes ameaçados e eles próprios já denunciaram que foram alvos de invasão de privacidade, intromissões ilegais que atingem também jornalistas e políticos que fazem oposição a Bolsonaro. Claro que com o clima de conturbação criado pelo presidente e seus seguidores surgem ameaças vindas de malucos que não configuram ameaça real. No entanto, aloprados criando confusão e compartilhando fake news é o que menos preocupa. O que de fato é muito perigoso está mais acima, nos organizadores que estão por detrás de graves ameaças à democracia no Brasil.