Desenho de Rogério Dias, el maestro.
A literatura, para os que escrevemos, sobretudo no Brasil, rende muito pouco, em termos financeiros. Lembro sempre de uma confissão, cômica se não fosse trágica, de minha amiga Lygia Fagundes Telles, glória nacional e autora de vasta obra, a propósito do tema.
Não sejamos espiritualmente sovinas: as Letras nos dão grandes alegrias. Recebi – numa semana, aliás, pródiga desses eventos -, três jovens jornalistas da Folha de S.Paulo, liderados pelo grande José Santini. Pasmem, senhores, o mais velho deles, o próprio Santini, não tem mais que 25 anos! Sabiam, juro, de meu pobre périplo, mais do que eu mesmo.
Conheciam-me detalhes que, vos asseguro, havia esquecido, tanto o enfado com relação a isso, de quem já vai beirando a possível mansidão sexagenária… Do meu livro de estréia, editado aqui pela heróica Criar Edições, de Roberto Gomes, em 1986, às teses em Berkeley, e seminário na Universidade do Cabo, em torno do escasso fruto de uma pretensa maturidade.
Nada lhes escapava, para meu sincero orgulho e nenhuma (falsa) modéstia. Dos textos dominicais deste canto de jornal, passando pelos do UOL, às reflexões sobre livros em O Estado de S. Paulo. E tinham lá anotadas até mesmo as eventuais colaborações para o intrépido Rascunho, editado com persistência e generosidade pelo meu amigo Rogério Pereira.
A editora é uma ONG ligada aos catadores de papel de S. Paulo e envolve em seu trabalho artesanal dezenas de menores carentes. Fizeram lá Os Chuvosos, em edição bilíngüe (espanhol-português) que, me informa a Lúcia, acaba de ser publicado também em inglês.
Grana? Pra quê?… Breve é a vida; longa talvez só a arte que nossa mão urdiu um dia. Isso é o que, ao menos, me garantem os passarinhos.
Em atraso com o condomínio de seu apartamento na Consolação, em São Paulo, topou no elevador com um síndico estupefacto: “Dona Lygia, a senhora me desculpe, não posso fechar as taxas do mês, porque a sua ainda não foi quitada.” Ao ensaiar uma explicação, o mal-amado cortou rente: “Não entendo, D. Lygia! Domingo agora a senhora era destaque de uma página inteira do Estadão!…” Achava-a, sem erro, miliardária. Antes fosse…
Com o tempo de estrada e 15 títulos na mochila, este vosso croniqueiro, por exemplo, só tem de seu os passarinhos do quintal e que
são muitos na primavera que se avizinha. A observá-los tiro conclusões outras, para além do dinheiro.Não sejamos espiritualmente sovinas: as Letras nos dão grandes alegrias. Recebi – numa semana, aliás, pródiga desses eventos -, três jovens jornalistas da Folha de S.Paulo, liderados pelo grande José Santini. Pasmem, senhores, o mais velho deles, o próprio Santini, não tem mais que 25 anos! Sabiam, juro, de meu pobre périplo, mais do que eu mesmo.
Conheciam-me detalhes que, vos asseguro, havia esquecido, tanto o enfado com relação a isso, de quem já vai beirando a possível mansidão sexagenária… Do meu livro de estréia, editado aqui pela heróica Criar Edições, de Roberto Gomes, em 1986, às teses em Berkeley, e seminário na Universidade do Cabo, em torno do escasso fruto de uma pretensa maturidade.
Nada lhes escapava, para meu sincero orgulho e nenhuma (falsa) modéstia. Dos textos dominicais deste canto de jornal, passando pelos do UOL, às reflexões sobre livros em O Estado de S. Paulo. E tinham lá anotadas até mesmo as eventuais colaborações para o intrépido Rascunho, editado com persistência e generosidade pelo meu amigo Rogério Pereira.
Outra alegria foi o convite de Lúcia Rosa, a maestrina da impagável Dulcinéia Catadora, braço nacional da
argentina Eloísa Cartonera (onde tenho três livros publicados), para somar mais um título do escriba ao catálogo.A editora é uma ONG ligada aos catadores de papel de S. Paulo e envolve em seu trabalho artesanal dezenas de menores carentes. Fizeram lá Os Chuvosos, em edição bilíngüe (espanhol-português) que, me informa a Lúcia, acaba de ser publicado também em inglês.
Grana? Pra quê?… Breve é a vida; longa talvez só a arte que nossa mão urdiu um dia. Isso é o que, ao menos, me garantem os passarinhos.
Wilson Bueno (14/9/2208) O Estado do Paraná.
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