O fantasma do AI-5

© Luiz Carlos Fernandes

QUEM LER o artigo do vice-presidente Hamilton Mourão, hoje no Estadão, irá terá calafrios pela perspectiva de o general vir a substituir Jair Bolsonaro na hipótese do impeachment. Mourão desfia a retórica, o conteúdo, as ameaças veladas e a alusão a fantasmas das ordens do dia e mensagens de comandantes, ministros e generais presidentes da ditadura.

Trinta e cinco anos passados do fim da ditadura e o pensamento do provável futuro presidente da República reflete a visão de mundo dos anos 1964/1968. Saiu a ameaça comunista, que não mais existe, mas subsiste a leitura da subversão pelos governadores e pelos poderes e a manipulação da opinião pública pela imprensa.

É o Executivo sofrendo interferências do Judiciário e do Legislativo, afirma o general vice-presidente, que finge não ver que quem iniciou a provocação autoritária e a pressão sobre os outros poderes foi exato o Executivo. Pelo artigo depreende-se que o general vice-presidente vê na presidência um messias atacado pelos fariseus.

O general vice-presidente apresenta seu diagnóstico sobre a crise brasileira afirmando que nunca os brasileiros fizeram tanto mal ao seu país. Essa é a tradicional leitura paternal-salvacionista dos militares brasileiros, com a qual justificaram as intervenções na estabilidade institucional desde os primeiros tempos da República.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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