A anunciada medida no transporte coletivo de Curitiba é discutível. Sem esgotar a pauta, seguem alguns pontos para pensarmos a respeito: O valor da tarifa deve ser reduzido pois o custo da função dos Cobradores deve impactar a planilha de custos do transporte coletivo, e esta redução vai ser repassada aos passageiros? Quem realmente lucra com isto?
Esta pretensão vai alterar novamente os contratos das concessões do transporte coletivo, isso é possível? Com essa facilidade?
Toda despedida coletiva deste volume, tem impactos sociais e este processo deve ser gradativa, assegurar as indenizações legais e compensações, às custas dos empresários donatários do transporte coletivo. Deve assegurar a migração das funções com um programa de demissões voluntárias e a formação de cursos para reinserção desses trabalhadores em novos mercados de trabalho. Isto está sendo feito?
Quem pagará a automatização? Será licitado? Quais projetos se apresentaram na mesa do debate? E principalmente, como será o controle seguro da bilhetagem para evitar fraudes?
Como ficam passageiros que são de fora da cidade ou usuários esporádicos? Tem que comprar o cartão apenas para pouquíssimas viagens? O argumento da segurança pública que é função dos empresários e da Administração Pública pode fazer rever todo o transporte coletivo?
O motorista tem condições seguras, psicológicas e funcionais de exercer a dupla função de auxiliar na catraca, conversar com passageiros sobre algum problema no cartão e dirigir com atenção e preparo suficientes para cumprir o itinerário com eficiência?
Esta redução foi discutida com a sociedade e, principalmente, com os usuários do transporte coletivo?
A bilhetagem e a gestão dos cartões de transporte serão dadas para o mesmo grupo que controla o transporte coletivo? Não há um conflito de interesses nestas funções? Os passageiros serão realmente beneficiados com essa “praticidade” e “evolução”?
Falar nisto, a quantas andam as discussões sobre o metrô e todas aquelas promessas de campanha de dois anos atrás?
Tomar medidas que impactam e prejudicam milhares de pessoas e suas famílias, inclusive os mais humildes, não pode ser a regra na Administração Pública brasileira, até pelo preceito constitucional da garantia do pleno emprego. O lema “mais tecnologia” não pode desconsiderar os seres humanos, pois não vamos construir uma cidade solidária e próspera sem respeitar as pessoas e seus empregos.