Jair Bolsonaro expeliu o ministro Sérgio Moro porque este não o informava nem permitia que fosse informado das investigações da PF no Rio de Janeiro – onde, não por acaso e por causa disso, seu filho senador e assessores-parceiros eram investigados. Com Bolsonaro e o GSI por trás, a PF do Rio pode virar polícia política. O presidente passou por cima do próprio ministro da Segurança, competente para a supervisão institucional do órgão. Logo será a de São Paulo. Primeiro Witzel, depois João Dória, arquinimigos de Bolsonaro.
O presidente soube antes e foi informado antes. Os indícios estão claros. Primeiro, na serenidade, que o presidente não atinge nem sob anestesia geral. Segundo, porque o fato foi comemorado e anunciado um dia antes pela deputada Carla Zambelli, a Gleisi Hoffmann de Jair Bolsonaro. O fato de um governador do Rio ser investigado por fraude não é motivo de surpresa. Inocente ou culpado, qualquer governador do Rio sujeita-se a presunção de culpa, que só pode ser apagada por robusta prova em contrário. O passado revela que governador do Rio é bandido por natureza.
A investigação de Wilson Witzel não é abusiva, pois foi requerida pelo ministério público e autorizada pela justiça. Embora tenha intimidade perigosa com o procurador-geral da República, Jair Bolsonaro ainda não decide sobre a independência funcional dos procuradores. No modo como Jair Bolsonaro subverte a ação política e conduz o Brasil ao risco da ditadura e da guerra civil, investigar um governador não assusta. Assusta, sim, o presidente vender sua imagem de santidade e desinteresse. Ele ainda não tem sua Gestapo. Mas já seleciona os agentes.