A presidência da República abriu licitação para compra de rações para os animais irracionais das residências oficiais. O item chave do edital: os produtos devem ser de primeira qualidade. Ah, se fosse assim para a merenda escolar, que quando não traz produtos de má qualidade, os traz vencidos e não raro podres e bichados.
Se tudo correr como esperado, o Brasil dará hoje mais um espetáculo da conciliação, o tradicional concerto (com c, mesmo, no sentido de entendimento) das elites para evitar conflitos que comprometam interesses comuns. O Supremo cede sem perder a compostura e o Senado salva mais um lobo da alcateia, livrando Aécio Neves do constrangimento do ficar em casa à noite.
A turma do Supremo que impôs a medida contra Aécio acreditou na força que não tinha e o Senado acredita que pode levar às calendas a omertà que lá predomina. O tribunal, sem dúvida, exagerou na medida contra Aécio. Mas se fez isso, conseguiu traduzir – e reagir contra – o sentimento de impunidade da nação quanto aos políticos.
Começo de campanha para governador, novidade nenhuma, os mesmos candidatos, a mesma toada, o pedágio, que ou “baixa ou acaba” ou “renova ou devolve”. Nada haver, como diria a senadeira barracora, perdão, a senadora barraqueira.
O Paraná tem assuntos mais importantes que o pedágio, bem ou mal o pedágio resolveu alguma coisa e a questão real é outra: o Estado precisa de mais estradas, rodoviárias e ferroviárias. Como isso demora até a eleição seguinte fica-se no rame-rame do pedágio.
Deltan Dallagnol, o Brad Pitt da Lava Jato, esteve em Brasília a prestar contas à procuradora geral, Raquel Dodge. Foi o encontro entre a Ferrari e o mais famoso produto da Chrysler.
Para o bem da Chrysler e dos brasileiros, a Fiat italiana controla as duas marcas. Vantagem para Dallagnol, na motorização e na cor, o rosso maranello.
Coisa de Neymar e Daniel Alves: a seleção substitui os agasalhos por ternos de grife, sob medida. Afinal, se a Itália pode, por que o Brasil não pode? Entram os metrossexuais e ficam os chorões. Muita viadagem e pouco futebol.
Atenção separatistas e separateiros. A independência da Catalunha não durou um dia sequer. Bastou a Espanha ameaçar prender o governador, tirar empresas da região e a União Europeia negar o reconhecimento que o plebiscito refluiu. Independência sem dinheiro é que nem filho que sai de casa sem levar a mesada.
A União Nacional dos Juízes Federais entrou com processo para que os juízes possam se filiar a partidos políticos sem deixar a carreira. A justificativa vem no ranço jurídico: os magistrados “perfilam no desejo da vontade popular”.
Proposta boa, apenas se emendada: os juízes obrigados a disputar os cargos de juízes, que exerceriam por tempo certo, via mandato. É assim nos EUA. No Brasil é diferente, entre nós os bônus não geram ônus.
O juiz Sérgio Moro requisita os recibos originais dos alugueis do apartamento de Lula, supostamente comprado com propina da Odebrecht. Não é norma, mas recibo é prova e prova se apresenta com os originais. A menos que os originais estejam em algum cofre na Suíça ou naquele depósito que a Odebrecht alugou para guardar as tranqueiras que Lula trouxe da presidência.
Entenda. Pesquisa da Transparência Internacional na América Latina revela que o Brasil e o país que menos paga propina; só 11% dos brasileiros admitem ter pago propina uma vez na vida.
Pesquisa é como aquela comparação com o biquíni: mostra o principal mas esconde o essencial. A propina aqui é indireta. O brasileiro não molha a mão do funcionário ou do político corrupto. O brasileiro paga o imposto e a propina sai do orçamento.
Quem paga propina direto, na mão, é traficante, desses que governam o Rio de Janeiro – com ou sem mandato, com ou sem diploma, do Enem ou do TRE.
Cretino do caralho – perdoe o calão, não é meu, vem de gente melhor situada: Rex Tillerson, ministro do Exterior dos EUA, sobre gente situada acima dele, o chefe, Donald Trump, o presidente. Apenas traduzi o ‘fucking moron’, de bem melhor sabor em inglês. O contexto: as trapalhadas de Trump nas relações internacionais, causadas por sua irrefreável incontinência verbal, que Tillerson tenta sem sucesso consertar.
O ministro – lá se chama secretário de Estado – só consertou naquilo que pôde. Desdisse, desmentiu a si mesmo, obviamente pressionado pelo chefe. Que, para humilhar de vez o subordinado, ainda sugeriu, em público, que ambos se submetessem ao teste de QI. Já se sabe que Trump contestará o resultado caso tenha menor QI que Tillerson. A comparação que vale ele não faz, porque já perdeu escancarado: a com Kim Jong-un, o menino ditador da Coreia do Norte. Rogério Distéfano