Não me perguntem como consegui, mas esta é a carta-renúncia de Sir Ney: ”Os recalques e o desrespeito dos humoristas se desencadeiam contra mim. Não me acusam, me gozam. Não me combatem, me ridicularizam. E não me dão cinco anos de governo. Tenho dormido dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante para realizar alguma coisa. Nada mais vos posso dar depois da moratória e da conversa ao pé do rádio. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, eu volto para o Maranhão. Escolho esse estado para estar longe de vosco. Meu fiasco vos manterá desunidos e meu fracasso será vossa bandeira de fuga. Ao riso respondo com o pendão. E aos que pensam que me gozaram respondo com outra gozação. Serenamente dou o último passo pra Academia e saio da história para cair na vida.”
*(1988, Quando Sarney lutava para permanecer mais um ano no governo). Millôr Fernandes – Millôr Definitivo, A Bíblia do Caos, 5ª Edição, página 415.