Amor, solta os velames
Ao furor do vento, Amor.
Vagos meneios, o uivo da tempestade.
Surdo o baque dos corpos n’água,
D’aqua a argêntea lacrima.
És a douda, a cabeça eriçada
De pêlos, os cabelos de alga e sal.
A urdida nos precipícios, Amor,
A egressa dos hospícios de Deus.
Em pleno mar antíquo, mar marinheiro
De onde emerjo, do fundo em pane, Amor,
Náufragos, eu e você, Amor,
A rasgar de nós o que restou :
Puídos vestidos, brins, anáguas,
Nossos rotos panos desolados.

Do livro  “35″. Poemas de Amor

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Todo dia é dia e marcada com a tag , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.