Fomos colegas de bar no ‘Bebedouro’ e de trabalho no departamento de criação da Exclam Propaganda. Fui seu sucessor na presidência do Clube de Criação dos Publicitários e seu editor na revista ‘Quem’, onde ele assinava artigos sobre restaurantes sob o codinome de Barão de Tibagi. Era um figuraço. Não deixou sucessores. Quando bebia, era contador de piadas, fazia imitações e cantava.
Parou com a garrafa e, para alívio dos amigos, continuou o mesmo. Poucos dias antes de morrer caminhamos por uma meia hora no parque Bariguí. Reclamou das mulheres sem bunda e deixou um lamento que com o tempo tornou-se lenda – e um axioma, uma verdade absoluta:
– Cuidado com a mulher sem bunda. Mais cedo ou mais tarde, ela vai te aprontar uma, pois nasceu com defeito de fabricação. Continuava fã dos discos em vinil. Tinha milhares em casa, de todos os gêneros. Eu, quando ia a São Paulo, desembarcava direto no Museu do Disco e sempre trazia um presentinho para ele, Nina Simone, Winton Marsalis, jazz, MPB.
– Menino – me disse – as ‘bolachas’ estão no fim. CD a gente pode ouvir até 10 mil vezes. Escutava de tudo. Lia e via também.
Publicitário genial, ganhou todos os prêmios possíveis. Presidente da Fundação Cultural de Curitiba, envolveu-se em campanhas comunitárias, como a restauração da Confeitaria Schaffer. Adorava comer. Vivia esgrimando com a balança. Tinha uma gargalhada inimitável, que exalava felicidade. Era acima de tudo um enorme caráter. Há 10 anos faz uma falta danada.
25|fevereiro|2006