Não há quem não dê como certa a retirada de Jair Bolsonaro dos páreos eleitorais até a virada da próxima década. Seja pela ação ora em julgamento no Tribunal Superior Eleitoral ou por alguns dos outros 15 questionamentos que existem contra ele a serem ali examinados, tudo caminha para a aposentadoria do ex-presidente como candidato.
Segundo gente que se diz fiel a ele (caminhões de dúvidas sobre a consistência dessa fidelidade), muito melhor para todos que seja patrocinador de candidaturas. De capitão a cabo, agora eleitoral. Por essa versão, ele ajudaria a preservar o eleitorado anti-Lula e não atrapalharia os planos da direita com sua enorme rejeição.
Portanto, trata-se de um cenário em que Bolsonaro é visto como um utilitário. Alguém de quem se aproveitam as vantagens e se descartam as desvantagens. Na figura de “facilitador”, pode transitar de eleição em eleição até readquirir seu direito de concorrer.
Terão se passado oito anos, uma eternidade na política —onde, sabemos, não existe vácuo. Tanto que nem bem se definiu a situação dele e já se fala em substituição. Assim, não há que se falar em bolsonarismo como se diz por aí para definir quem se sente representado pelas ideias do ex-presidente.
O “ismo”, aplicado a políticos como Luiz Inácio da Silva e Getúlio Vargas, implica a existência de características ausentes em Bolsonaro, um fenômeno de ocasião.
Lula e Getúlio voltaram ao poder a bordo de forte base social e, no período em que estiveram na planície, mantiveram-se como referências para uma massa robusta de seguidores.
De Bolsonaro já vemos segmentos importantes, como evangélicos e militares, querendo se distanciar, além de movimentação para a ocupação do lugar dele.
O ex-presidente ajudará a eleger prefeitos em 2024, mas em 2026 será coadjuvante de um protagonista que, perdendo ou ganhando, vai liderar a direita daí em diante.